CONVÍVIO POLICIÁRIO DO ALGARVE PRAIA DA ROCHA - SETEMBRO DE 1987 FOTO CEDIDA PELO CONFRADE FERMAN |
Um jovem da Figueira da
Foz, que acompanhava a secção do Sete de Espadas no Mundo de Aventuras, em
Março de 1976 lá estava, numa foto com alguns dos participantes no I Convívio
em Coimbra, uma jornada inesquecível para o Policiário.
Quando em 1977 nos
iniciámos como orientadores e coordenadores de uma secção policiária, na
revista de passatempos “Cruzadex”, esse mesmo jovem imediatamente se
distinguiu, pela qualidade e profundidade das soluções que apresentava!
Identificava-se como MYCROFT HOLMES e cada relatório, muitas vezes com mais de
100 páginas, surpreendia pelos ângulos que escolhia para abordar os temas.
Em conversas com o Sete
de Espadas, também ele se admirava com a maturidade revelada na escrita e nos
convívios a que passou a comparecer, como é o caso desta segunda foto, obtida
em Viseu.
Não fomos a tempo, o Sete
faleceu, entretanto!
Mas o Mycroft Holmes passou a acompanhar o Policiário mais de perto, esteve no Convívio de Santarém que assinalou as mil secções do Policiário no jornal Público e onde prestámos uma sentida homenagem ao Sete, com a presença de um dos seus filhos.
SETE
DE ESPADAS
(1921
– 2008)
“José Manuel da Piedade
Lattas, natural da Chamusca (Ribatejo), adepto desde a primeira hora da
problemística policiária. Bom produtor, decifrador, notabilizou-se
essencialmente como seccionista a quem o policiário muito deve. Editor sem
sorte.”.
Assim foi apresentado o
Sete de Espadas, em traços muito gerais, pelo “mestre” M. Constantino, produtor
e ensaísta, na sua obra de maior folego “O Grande Livro da Problemística
Policiária”, uma edição da Associação Policiária Portuguesa.
Esta definição, no
entanto, não revela a verdadeira dimensão do Sete de Espadas, como principal
divulgador da prática policiária.
Durante todo este ano de
2021, comemorando o primeiro centenário do seu nascimento, iremos prestando
preito a este enorme vulto que marcou várias gerações de amantes do policial,
nas suas diversas dimensões.
Vamos dar, novamente, a
palavra ao “mestre” Constantino, que escreveu, pouco antes do seu próprio
falecimento, no seu blogue “Policiário de Bolso”:
SETE
DE ESPADAS (1921-2008)
1 de Fevereiro de 1921, data de nascimento de Sete de
Espadas ou Tharuga, pseudónimos usados respectivamente para o policiário e para
o charadismo de Manuel José Lattas, natural da Chamusca, Ribatejo.
Iniciou-se no policiário no princípio da década de 40,
na secção dirigida por Repórter Mistério (Gentil Marques). Foi amor à primeira
vista, amor para ficar e se desenvolver. Não só abraçou a modalidade de
solucionista como a de Produção. Nesta última modalidade é de relevar, a par de
outros, o título de Campeão Nacional, no II Torneio Nacional de
Problemística Policiaria, disputado em 1958, com Lúcifer Interveio na
História. Com vocação especial para o relacionamento com a juventude, vê,
com satisfação, os mais jovens de ontem tomarem-se os Homens de hoje! Pode
orgulhar-se de, até hoje, ser o homem que mais Secções
Policiárias dirigiu e mais convívios entre policiaristas organizou, desde
as Tertúlias dos cafés às visitas a vários locais do país, em plena e
franca confraternização.
Dirigiu a primeira Secção no Jornal de Sintra (1947), com o
título, predilecto, de Mistério e Aventura; em 1948, aparece no Camarada,
com nova Secção; em 1953, são as Secções do Guião, Em fim de Livro...
na Colecção Xis, a da Lente (propósito editorial próprio!); em
1954, no Cavaleiro Andante, com a Página Dezassete e o
pseudónimo de Misterioso C. A.; em 1956, no Jornal do
Sporting. Uma pausa para ganhar fôlego, surgindo, em 1975, na revista
Crime (editada pelo Inspector Varatojo), no Mundo de Aventuras
Especial, na Secção Mistério Policiário do Mundo de
Aventuras (de 1975 a 1986), no Jornal O Crime (1989 a
1994) — e no mesmo com a Secção Édipo e a Esfinge, de 1995 até ao
falecimento em 9 de Dezembro de 2008. Dias antes, já muito doente, ainda
prometia um torneio policial para aquela secção a iniciar em 2009.
Lutador incansável, não esquecemos que criou e manteve com muita dedicação,
durante 32 números, debaixo de canseiras e dificuldades monetárias que se
adivinhavam, uma revista própria — o seu maior sonho — a XYZ.
O Sete de Espadas está referenciado como um dos três grandes do policiário
português: Repórter Mistério, o introdutor do enigma em Portugal; Artur
Varatojo, o divulgador nos jornais, rádio e televisão; e Sete de Espadas que
expandiu o policiário português e lhe deu expressão, o homem que mais adeptos
conseguiu captar — iniciou, manteve e reconduziu muitos dos afastados para a
modalidade.
O SETE marca três gerações de aplicação do poder do
raciocínio e profunda amizade.
M. Constantino